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A Sorte da Raposa

Partilha de emoções, experiências, reflexões ❤

A Sorte da Raposa

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Não foi preguiça, foi vontade de não fazer nada

27.12.19, Dulce Ruano

Caminho do inferno.jpg

Há dois dias iniciei a leitura de um livro que Cila me emprestara - Obrigada querida Cila :) um policial. Confesso que quando me foi entregue fiquei a olhar de esguelha para o título "O caminho do inferno", pela aparência não parecia ser o meu estilo de leitura, no entanto fui educada a aceitar o que me dão (o que faço depois é comigo) e ao longo da vida eduquei-me a mim própria a aceitar novas experiências pelo que senti alguma expectativa em ler um policial apesar das 389 páginas, uffff, tantas!

Desde o inicio, cativante, Cila tinha dito, de tal forma que a primeira leitura aguentei três horas, na segunda umas cinco mas como me encontro em casa de baixa médica a recuperar do braço partido, faço questão de não ter rotinas pelo que não estava minimamente preocupada que fossem três da manhã.

Visto o meu relógio biológico ainda não ter entrado nos novos horários, acordei bastante cedo ao ponto de ajudar a acordar marido e filhos a irem para as suas rotinas, deram-me pena porém achava espetacular poder ficar em casa e voltar para a cama dormir mais um pouco.

Aconchego-me ao edredão, ponho o braço do gesso de forma confortável e um íman atraíu a minha mão disponível para o livro, achei incoerente, deveria descansar, no entanto pensei que só lia uns três capítulos e logo me deixaria dormir.

Recostei umas almofadas para ficar mais cómoda, acendi a luz do candeeiro, mantive as persianas fechadas e de certo modo ansiava para começar a ter sono. Tinha de dormir.

Os capítulos voavam, passara uma hora logo a seguir duas horas e comecei a sentir fome mas sabia que ir comer faria uma quebra na leitura, mantive-me até não aguentar mais a bexiga que insistia em aliviar, levantei-me, passei pela casa de banho e muito rapidamente fui à cozinha, pego num iogurte de sabor a côco, cortei um maracujá ao meio, misturei a polpa e corri para o quarto com o pequeno-almoço.

Pus-me a jeito para a leitura e comi rápido, ia ler só mais um bocadinho e me levantava, sabia que já não dormia mais, aproveitando a oportunidade de estar sozinha e sem compromissos deixei-me estar, devorei as páginas incessantemente.

Nunca consegui ficar na cama até tão tarde, bati o record e não era de preguiça, era mesmo do "deixa-te estar, é a tua oportunidade". Eram 13:30H, parei de ler, estava de novo com fome. Mantive-me de pijama, de robe o que é raro, prendi uma mola no cabelo, calcei umas meias, sentia-me desleixada mas era por opção, sei que não vai acontecer tão depressa.

Enquanto o comer aquecia fui à rua sentir o calor do sol, derreti-me a olhar para o meu cão, estava deitado à entrada da casa tal qual um cão fiel, adoro abrir a porta e vê-lo, agora já não foge como antes, assim que me viu bateu com o rabo rijo sobre o chão como se fosse um chicote, sem parar enquanto falava com ele.

Entrei, pus o prato num tabuleiro e fiquei indecisa se iria comer para o sofá da sala a ver televisão ou se iria ler um livro do tio Patinhas, optei pela televisão mas não vi nada, preferi saborear a comida e sentir a liberdade que nunca tenho de não fazer nada!

Quanto ao policial, mais meia hora e ficaram arrumadas as 389 páginas. Dia único este!