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A Sorte da Raposa

Partilha de emoções, experiências, reflexões ❤

A Sorte da Raposa

Partilha de emoções, experiências, reflexões ❤

Uma viagem de segundos

22.02.21, Dulce Ruano

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Adoro viajar. Acto incutido em mim desde tenrinha pelos meus pais. Viajar desperta-me muito a curiosidade ou melhor, a minha curiosidade pelo conhecimento é que me leva a viajar e viajar de forma fisica pode ser apenas ir ali à aldeia ao lado e explorá-la, saber da sua história, imaginar o que se por ali passou em épocas remotas, sentir a vida que já se lá viveu, ouvir as crianças, os sons do corropio e a correria em geral. Viajar no estado fisico pode acontecer em qualquer parte do mundo.

Diz-se que viajamos tres vezes:

1 - Quando sonhamos

2 - Quando viajamos

3 - Quando recordamos

Porém, vivemos em estado de pandemia, confinados e restritos ao indispensável, há que respeitar, pelo menos tentamos travar o bicho que nos apoquenta, temos agora uma bela oportunidade para descobrir umas coisas em nós, fazer coisas novas ou quem sabe descobrir um novo ritmo de vida e de prioridades.

Não me tem causado qualquer transtorno estar em confinamento, tenho a sorte de poder trabalhar todos os dias e em casa ando sempre ocupada, grande parte dos dias nem me lembra que estamos num modo de vida diferente. Verdade que suspendi algumas coisas mas consegui ter outras que sem a pandemia não as teria ou não se proporcionariam.

No fundo, no fundo há uma coisa que me tem feito muita falta, dou por mim a pensar e a sentir a angustia de não poder, bem, desculpem-me a modéstia, de não poder viajar. 

 

Viajar é viciante e quem o tem no corpo certamente me compreende, todos os momentos de dia ou de noite me servem para sentir esta falta que sinto, partir... para algum lado.... regressar e voltar a partir.... para algum outro lado....apesar de viajar em pensamentos não é bem a mesma coisa do acto de ir....

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Hoje, de manhã, inicio de uma nova semana de trabalho, apesar do frio da geada caída durante a noite, finalmente o sol apareceu e tão bem me soube pelo percurso que fazia, vou numa reta e soava Summer of 69, tanto que senti com esta música, criou-me alguma adrenalina e como não ia mais nenhum carro na minha faixa acelerei mais um pouco, o sol batia-me de frente, aquilo soube-me mesmo bem e por momentos senti que ia de viagem para algum lado, parece íncrivel mas foi tão boa aquela sensação ou falsa impressão de que ia viajar, claro está que a uns setecentos metros tinha uma rotunda e a minha viagem ficou por ali, abrandei, contornei, segui em frente e pouco depois cheguei ao trabalho.

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Foi curtinha a emoção de me sentir a viajar, ir a algum lado, acabei no trabalho, só pelo que senti, vale a pena amanhã e todos os outros dias sentir assim, parece absurdo mas é o melhor que se pode, isto vai mudar, sei que sim. 

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Imagens:

Bota / Seta / Túnel = minha autoria

Cano com mapa mundo = retirado de uma rede social

 

Vai aqui uma paranoia :)

10.02.21, Dulce Ruano

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Espelho meu, espelho meu, existirá alguém mais medricas que eu? Sim, medricas sim de permanecer mais que um minuto dentro de uma sauna, um banho turco, um Hamman, sim, uma grandessíssima medricas!

 

Frequentar um lugar de relaxamento, desfrutar dos serviços e aproveitar ao máximo. Sempre me questionei como fazer para “aproveitar ao máximo”, expressão tantas vezes usada pelas pessoas que nos desejam o melhor.

Concluí que este “máximo” quer dizer desfrutar de algo onde me sinta bem.

Por exemplo, se num SPA gostar mais estar dentro dum jacuzzi do que na piscina então passo mais tempo no jacuzzi e isso é “aproveitar ao máximo”, fazer aquilo que mais gostamos e nos dá prazer.

 

Tudo muito bonito não fosse eu continuar a debater-me com o dilema de algumas destas terapias terem uma porta e que nem têm trinco, mas a porta está lá.

Entre uma sauna, um banho turco (neste caso até prefiro um Hamman) poucas reticências faço porque adoro estar nos três, um seco a alta temperatura em que sinto os poros todos a abrir como crateras e os outros húmidos e quentes que me relaxam totalmente. No Hamman adoro estar deitada e aqui sim, aproveito ao máximo, sem dúvida que os árabes sabiam bem o que estavam a inventar e em boa hora chegou à nossa cultura para nosso prazer.

Ainda assim sendo um ritual de purificação humana e apesar do prazer que me dão estas terapias, sabendo do bem que fazem ao nosso corpinho e mente possuem um enorme defeito: Têm uma porta.

Confesso que mais de uma vez olhei para a maçaneta das portas a tentar encontrar grandes trincos com cadeados e não estão lá, sei que as portas não fecham à chave, já fiz figura de Mr. Bean a estudar bem os pormenores de como abrem e como fecham, convencida mas mal convencida, nunca me sinto segura dentro de um espaço destes.

Fecho os olhos, inspiro, expiro, descontraio os músculos e a seguir penso no terror que seria a porta emperrar, sabe-se lá, penso sempre que é a mim que um dia isto acontece, visualizo logo as manchetes dos media “pessoa encontrada asfixiada pelas altas temperaturas duma Sauna devido a porta ter bloqueado o fecho”. 

Naturalmente que levo isto na boa e passo o tempo todo a saltitar de lugar em lugar como uma miúda traquinas de quatro anos, irrequieta e desobediente, a única diferença é que não tenho 4 anos e a grande questão é que não usufruo “ao máximo”, acredito até que devo ser bastante desagradável para quem está a usufruir da terapia, é que não deixo ninguém sossegado, abro a porta, fecho, entro noutro sitio, saio, volto a entrar noutro, volto a sair, que sirigaitice! E a culpa toda é da porta.

Por mais que me tente mentalizar que é tudo macaquinhos inventados por mim, as portas não me prendem, escusado será dizer que de todas as experiências que já tive e em lugares diferentes todas me meteram uma impressão danada, tento me abstrair e só penso que fico trancada, ao mesmo tempo também penso que depois ninguém dá conta nem me socorre!

Não se trata de claustrofobia pelo menos no seu mais profundo significado, admito mais uma paranóia minha e paranóias destas têm resolução, treinar a mente e, está claro, entrar nestes lugares várias vezes … ahhhhh se pudesse estaria lá agora kkkkkk hmmm ….  

Coisas boas atraem outras iguais

06.02.21, Dulce Ruano

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Desde pequena que ouvia dizer pensamentos bons atraem coisas boas e quando se tem no pensamento maus agouros ou ruindades a vida lá se encarrega de dar aquilo que se pensa.

Senti na pele ambas as situações e quando percebi  que era preferível sentir coisas boas ao invés das más não foi nada dificil tomar decisões, claro está que o prazer de sentir que a nossa vida pode ser mais feliz com bons pensamentos porque depois atraímos coisas boas, nada nem ninguém nos convecerá do contrário.

A pensar e sentir assim e cada vez mais intuitiva acontecem-me coisas bonitas e também engraçadas e também interessantes, muitas fazem-me estar de sorriso nos lábios e outras dão mesmo para rir e ainda há outras que dão um grande gozo pela vida.

Grande apreciadora de tudo o que vem da terra devido ao seu estado mais puro e natural aprecio bastante uma plantinha que só há no inverno junto a levadas de água, verdinha, frágil de folha pequenina e caule tenrinho. Não se encontra à venda em superficies comerciais e quem pratica agricultura para vender raramente apanha o Meruge para venda.

Uma vez encontrei na praça semanal da cidade uma senhora que trazia uns molhitos para as suas freguesas habituais, só lhe comprava quem sabia porque arrecadava-os dentro do cesto por baixo da bancada, desde que descobri passei a ser sua cliente mas também percebi que se fosse a meio da manhã já não tinha.

A intenção de ir à praça bastante cedo não me correu bem, acordei tarde, senti que merecia por ser sábado mas quando pensei na minha intenção, disse um palavrão e ainda fiquei mais dez minutos na cama. Revoltada comigo mesma levantei-me, no pensamento ocorria-me que tudo havia de correr bem e que certamente ainda iria desfrutar de umas belas compras.

Ao entrar na praça dirijo-me para a bancada da Sra. Rita, cumprimento-a e peço-lhe a molhadinha do meruge já imaginando uma maravilhosa salada à hora do almoço, até me lambia só com o pensamento, porém, a Sra. Rita diz-me "Ohhh, olhe que já não tenho, já vendi tudo". Aiii. Estremeci. Chamei-me um nome bem feio. Pensei na hora tardia que tinha acordado e senti que era a minha sentença ditada, já não havia meruge.

Fiquei triste, engoli em seco, cerrei os lábios e esmaguei um no outro e disse à Sra. Rita que se ela não morasse num lugar tão distante e chato de se lá chegar que ainda lá iria buscar uma molhadazita, ela franziu a testa e creio que até teve pena de mim.

Fiz as compras sem nunca deixar de pensar no meruge e ainda tentei combinar com um senhor que também vendia os seus produtos e me disse sem certezas que talvez lá tivesse meruge na sua quinta mas não tinha tempo de confirmar para eu a poder ir buscar. Foi uma esperança que tive durante os cinco minutos de conversa. 

Final da manhã regresso, assim que entro em casa meu pai telefona-me: "Olha por acaso andas cá por cima, pela cidade ou arredores?" disse-lhe que tinha então acabado de chegar a casa e ele diz "Ahhh que pena, tenho cá uma sacada de meruge para te dar, vem cá buscar quando puderes"!

É por estas que tenho a certeza que sermos positivos e otimistas vale mesmo a pena.

Grata Universo  tenho tanta sorte 

 

Sentir a respiração dentro de nós

04.02.21, Dulce Ruano

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Tivera conhecimento de pandemias mas jamais me passaria pela cabeça passar por uma. 

Logo de inicio pressenti que era coisa séria, senti muita coisa que foi acontecendo à medida que o tempo passava, fui tendo os meus cuidados mas confesso que nunca me senti obcecada, tão pouco exigente, durante algum tempo que estive em casa devido a períodos de Lay off e dias de férias forçadas acabei por ter uns dias fantásticos, só tive pena de gastar dias de férias em casa, mas tudo bem!

Desde inicio que uma das milhares de coisas a acontecer no mundo me deixou apreensiva: O estado emocional das pessoas! dificil lidar com uma vida diferente, dificuldades surgem em todos os níveis e uma delas é não saber como enfrentar as afrontas de quem está fechado num quarto, a preocupação com a saúde, com a Familia, com o mundo e o que fazer num isolamento a que se é obrigado.

Não é de todo fácil, o ser humano foi-se moldando a horários, lugares, ambientes e repentinamente é privado de tudo, mesmo para quem tem de sair todos os dias para trabalhar lhe é dificil viver estes dias mais para quem está fechado ou perdeu o emprego, ou quem tem de gerir, sabe-se lá como a nova vida carregada de dificuldades.

Acima de tudo, não podemos baixar os braços, e como? Abrirmos a mente e aceitar o que temos, valorizar o que temos à nossa volta, valorizar as nossas conquistas, atraírmos pensamentos positivos e afastar, sempre que possível, os menos bons, sermos criativos e isto não quer dizer que nos afastemos da realidade, aquela que é a nossa, aquela que faz parte da vida e do mundo.

O meu lema de vida sempre foi este: Insistir, persistir e nunca desistir, nunca me dei mal sempre que pensei assim, também às custas de traçar objetivos e ir atrás deles, para isso travei as minhas batalhas, quase sempre conquistei o que me propus e também a pensar assim consegui conquistar alguma paz em mim (a paz é relativa, não é mensurável).

Para atingir alguma tranquilidade em tudo o que sinto aprendi a respirar, ou melhor, respirar é algo nato em cada um de nós caso contrário não teriamos vida, o mais estranho disto é que apesar de todos respirarmos não nos damos conta disso por ser tão intuitivo e necessário.

Questiono se alguma vez deram conta da vossa respiração, o simples acto de entrar ar pelo nariz, vai aos pulmões e volta a sair pelo nariz ou pela boca, muitos provavelmente dizem que não, então o desafio é esse, dêem conta da vossa respiração. Deixo indicações simples e básicas:

Procurem um lugar onde se sintam bem .

Descontraiam, relaxem completamente todos os músculos do vosso corpo, levem o pensamento para tudo o que o constitui, comecem pela cabeça percorrendo até à ponta dos pés ou em sentido inverso.

Asseguraram-se que estão em relaxamento físico total? (que tal descontraírem os ombros, hein? Ehheheh) = aposto que estavam contraídos!

Não tentem controlar a respiração,  deixem apenas entrar e sair o ar, tudo normal…

Não reflitam sobre nada, apenas sintam… o ar entra…o ar sai….

Concentrem-se nas sensações associadas à respiração.

O ar que entra, passa pela garganta, entra nos pulmões e faz o trajeto ao contrário…

Os movimentos do peito e da barriga, sobem e descem, ao seu ritmo natural, nada é forçado….

Sintam todo o vosso organismo a respirar….

Se sentirem a vossa atenção a dispersar-se, é normal…quando se aperceberem disso só têm de regressar à consciência da respiração.

Ponham no centro da vossa atenção todas as sensações físicas ligadas à respiração…consciência dos movimentos do peito e da barriga….consciência de todo o vosso organismo que respira, sozinho e de forma tranquila….

 Estou certa que isto vos ajudará a encarar a vida de outra forma, mais leve, mais positiva e mais certa estou que vos deixará mais felizes em tudo o que fazem e que vos acontece. 

Somos todos fortes só ainda não o descobrimos 

O poder que temos sem sabermos

01.02.21, Dulce Ruano

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Quantas vezes damos com nós próprios a pensar numa coisa e inconscientemente fazemos outra que nada tem a ver, quem nunca encontrou o suporte dos guardanapos dentro do frigorifico ou passou uma eternidade à procura dos óculos que tem no rosto.

Na verdade uns mais distraídos que outros, já me disseram que tem a ver com o nível da inteligência do individuo, fiquei perplexa porque então eu não devo ser lá muito inteligente, talvez no fundo seja um bocadinho porque também me distraio uma vez por outra, já fiz coisas que nem ao diabo lembram ainda assim sei de casos mais graves que o meu, talvez sejam pessoas de uma inteligência profunda.

Imagine-se alguém rasgar um simples papel que tinha junto uma nota de cinco euros e rasgou tudo aos bocadinhos, outra pessoa levou o filho para a Pré escola e o miúdo ia descalço, outra foi trabalhar dia dois de Janeiro e a empresa só abria dia três, outra foi ao exame de condução e não levou identificação (claro, chumbou).

Estes exemplos são de pessoas inteligentes, talvez alguma coincidência!

Por vezes quando percebemos as nossas distrações temos a tendência de deprimir com o que acabámos de fazer até porque há vezes em que nos passa pela cabeça que estamos com sinais de velhice ou demência ainda que muito subtilmente e isto entristece-nos mas percebi que a melhor técnica é rir, rir de nós. Rir dá-nos alegria, liberdade e alguma rebeldia permitindo-nos a um momento feliz.

 

Uma vez num passeio duma rua na cidade ia de passo acelerado a caminho da universidade, já estava atrasada e ainda tinha de descobrir como chegar à sala no meio daquele labirinto de portas e corredores, num dado momento a uns cinquenta metros à frente estava um semáforo de trânsito na cor verde e de facto o trânsito fluía, a meio do meu passo surge a cor amarela, continuei, a faltar um metro cai o vermelho e imediatamente paro, fico estática e questiono-me o que estava ali a fazer, quando me topei senti-me tão parva que nem sabia como disfarçar perante os condutores dos carros que entretanto paravam, fiquei com as bochechas que nem uns tomates e lá fui para a aula a saltitar de maluqueira e de felicidade com tanto que me ri.

 

Outro dia estou prestes a sair de um hipermercado, trago um saco e aligeirada dirijo-me para a saída já com a chave do carro na mão, ainda no interior abrem-se as portas, porém havia outras uns seis ou sete metros na minha direção, assim que olho em frente carrego no camando do carro, carregava e as portas não mexiam, carreguei mais umas três ou quatro vezes e nada, a meio metro de distância carrego uma última vez e as portas abrem-se, no meu pensamento estava isto: "Tava a ver que não abriam, tenho de mudar a pilha do comando", saio e assim que o ar fresco da rua me refresca as ideias desato numa galhofada chegando mesmo a sentir alguma compaixão comigo mesma. Creio que ninguém se apercebeu de nada.

 

As distracções por vezes podem-se tornar incómodas ou uma perda de tempo, tal como em viagem ir em frente em vez de cortar à direita porque por distracção não vimos a placa, é um dos exemplos que já vivenciei algumas vezes por isso sei que é incomodo mas ainda assim encaro a maior parte das distrações como uma coisa interessante que me espevita particularmente quando estou demasiado sóbria com a vida.

Rir, continua mesmo a ser um bom remédio!

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