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A Sorte da Raposa

Partilha de emoções, experiências, reflexões ❤

A Sorte da Raposa

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A entrega do filho à terra

25.03.22, Dulce Ruano

 

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Entregar um filho à natureza, o lugar de onde veio, de onde foi gerado, dá-se a transformação, habita e regressa à origem. É o ciclo da vida! Deste ciclo ninguém está imune. A lei está bem definida e a nossa infinidade perante tamanha grandeza de realidade é, à proporção, contrária.

Se dúvidas não há que da natureza vimos e para lá regressamos, o que nos causa estranheza é o tempo que duramos por vezes ser tão pouco e obstante o significado de pouco tempo ser abstrato não impede o sofrimento de ver partir alguém para o lugar eterno. A desculpa da partida é sempre a ingrata da história porém há algumas que são incompreensíveis, mesquinhas, empobrecidas, desumanas, desnecessárias, selvagens, acabando por ser imperdoáveis!

A partida definitiva é a parte negativa da vida de quem fica, a injustiça duma partida precoce e anómala dum ser não deixa ninguém indiferente, é inconcebível e não se ajusta no mais pequeno lugar do nosso cérebro quanto mais no coração.

Quando se assiste à partida dum filho da terra para a terra, particularmente da forma como partiu e a tremenda frieza de como aconteceu deixa-nos revoltados, repudiados, tristes, estranhos, impotentes, fracos o suficiente para tamanha incompreensão.

Nenhum ser humano deveria ter o seu ciclo de vida interrompido, em qualquer circunstância, ainda assim reconhecemos que há doenças e acidentes mas a interrupção dada por ataques de raiva, de frustração, de vingança, de indiferença, de frieza não são de todo aceites. Aqui é que se encontra a grande injustiça, quando se tem uma vida sã, quando se tem uma vida honesta, quando não sofreu um acidente, quando se é filho, quando se é da terra e seja ela qual for.

Muitos homens e mulheres partem de forma injusta, tantos que estão expostos à brutalidade e monstruosidade de mentes perturbadas e todos estes casos não deveriam ser reais, não deviam passar da linha que separa a ficção da realidade, aquela realidade que nos reduz a uma insignificância tal que não nos permite perceber a grandeza da atrocidade em causa.

Nenhum filho deveria sentir a partida daqueles que o geraram, o amparam ou preparam para vida mas, perdoem-me todos os que são filhos, eu inclusive, nenhum pai ou mãe merece assistir à partida dum filho independentemente do motivo que seja, por tal deixo a minha vénia aos majestosos pais que viram seus filhos partir, sois grandes, sois heróis, tendes a minha grande admiração.

Eu, sendo também uma filha da terra, não só da natureza que me gerou como de terra natal do Fábio Guerra emociono-me pela sua ausência, sofro pelo massacre a que foi sujeito e também sofro muito pelos seus pais a quem dedico este texto.

Fábio Guerra serás sempre recordado com emoção pela nossa terra!

Nota: imagem retirada de rede social

 

O vicio da Mini Maratona

20.03.22, Dulce Ruano

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A primeira vez que participei na mini maratona em Lisboa foi por curiosidade, no final da prova, apesar de me ter custado um bocadinho, pois não estou habituada a correr em ambiente urbano senti-me bem e gostei, diga-se de passagem que aquela adrenalina de andar por ali a correr me soube bem, eu ida do interior, a correr na capital.

Agora tornou-se num mini vicio e sempre que lá vou digo sempre que a próxima vez vou-me deixar de provas minis e passarei à meia maratona, possas, uma são 10 kms a outra já são 21 Kms e ali vamos para correr não é para caminhar, pois para andar faço até o dobro num dia e em terrenos mais sinuosos.

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Há uns dias nem hesitei, nem pensei duas vezes, surgiu o anúncio da próxima mini maratona a passar a Ponte 25 de Abril e confesso que a única coisa que me passou pela cabeça foi só de que ainda não era desta que ia aos 21 Kms. Mal me inscrevi senti a obrigação de treinar com mais frequência e começar já pois até dia 08 de Maio tenho mesmo de ficar em forma (Ai as duas festas que tenho até lá, que há-de ser de mim).

Hoje decidi fazer o primeiro treino, JM e um amigo vão-se estrear na meia maratona e por tal decidiram fazer logo pela manhã 12 Kms, decidi fazer o mesmo, alertei-os que ia ficar para trás mas que não se preocupassem que haveria de chegar a casa. Metade do percurso faz parte da Grande Rota do Zêzere que já fizémos a caminhar pelo que não me incomodou ficar para trás.

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Quando iniciei a corrida senti-me uma miserável ao segundo quilómetro e rápido percebi o motivo, tinha acabado de encher o bandulho com um prato cheio de fruta e estava a iniciar o processo digestivo o que não me favoreceu a resistência nem o ritmo que levava, pois está claro que foi aqui que eles passaram logo à frente percebendo que apartir dali ia por minha conta.

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Assim que recuperava energia voltava a correr mas ao longo de todo percurso parei uma meia dúzia de vezes, ainda assim, apreciava a paisagem e a natureza à minha volta e recolhia imagens, consultava o Geo Tracker, voltava a correr. Num determinado momento senti que uma parte da minha fisiologia traduziu-se numa necessidade pelo que junto a um arbusto desci os leggings por uns segundos quando percebi que os tinha vestido ao contrário pois mal os baixo sai de junto da barriga uma etiqueta de cetim enorme o que me fez logo pensar porque sentia ao longo do percurso uma frescura nas costas de cintura mais descida e percebi também o motivo da grande buzinadela do camião TIR na altura em que o estradão onde passava estava em paralelo com a auto-estrada.

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Segui caminho, estava a aproximar-me de metade dos 12 Kms passaram vários ciclistas por mim, apeteceu-me abrandar mas só para não dar a parte de fraca até acelerei a passada para verem que era uma atleta a sério, logo em seguida abrandei de novo o ritmo e comecei a andar de forma ligeira, uns metros a seguir e com uma grande reta à frente voltei a correr e ainda bem porque ao fundo vejo um atleta a treinar vindo na minha direção o que me fez pensar que após passar por mim iria abrandar de novo mas esta ideia saiu.me furada, afinal era o meu pai que também andava no seu treino matinal, resistente como tudo, ora bolas pudera, também ainda só tem 78 anos.

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Andei sem lentes pelo que só a excassos metros de aproximação é que o reconheço e quando eu pensava que ele ia seguir em frente deu meia volta e seguiu comigo, ora, pois está claro que não ia fazer figura de fracota e seguimos na mesma direção, atravessamos a Ponte de Pedrinha, na saída sigo pela direita e ele segue pela esquerda para continuar o percurso que tinha traçado, mais tarde até vim a saber que ele saiu do percurso dele normal para ir ao meu encontro porque tinha-se cruzado com JM e lhe disse "olhe que a sua filha está lá para trás veja lá se a encontra".

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Metade do percurso foi em estradões de terra batida, a última parte era toda em alcatrão até chegar a casa e quando sinto o telefone a tocar percebi que os meus companheiros já tinham chegado, estava apenas a 3 kms de diferença, nada mau! O melhor de tudo é que me sinto em boa forma e cheia de energia, além de muito bem disposta.

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Para almoço revigorante preparei para entrada Mexilhão com cebolada e pimento, de seguida um esparguete com miúdos de frango. Sobremesa foram quatro marshmallows e tive de me conter senão enfardava com o pacote inteiro.

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Para café, fomos até à Torre da Serra da Estrela a espreitar o que havia de neve e na descida parámos no Restaurante Puro onde fomos muito bem recebidos, acolhidos e atendidos ainda que tenha sido só por um café. Fantástico.

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Na descida da serra estava em pulgas para chegar a casa, escrevi, fiz bolinhos de côco para oferecer, vi um programa de televisão, recebi dois telefonemas, passei uma geral com aspirador, apanhei roupa seca, preparei a mochila para o treino de amanhã, lavei loiça, estendi tapetes que deixei a lavar, preparei uns trabalhos que também tenho de entregar amanhã e chega que o dia já não dá para mais. Ahhh pois ainda falta ir descansar. Fui.

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