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A Sorte da Raposa

Partilha de emoções, experiências, reflexões ❤

A Sorte da Raposa

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O encanto da Natureza e o que me provoca

16.02.23, Dulce Ruano

medulas.jpgA natureza constituí-se por um enorme conjunto de elementos associados entre si que nos oferece e regala a alma com beleza, cores, cheiros, sons, saliências, pureza, paz, perfeição, harmonia, tranquilidade, abertura, sorrisos, horizonte, ponderação, reflexão e felicidade, diria, muita felicidade.

Na natureza os nossos sentidos captam e entregam-se a sensações que majestosamente nos relaxam e fazem superar as adversidades e desafios de cada dia que amanhece.

Imagina o que um simples passeio na natureza pode fazer por ti, o poder que te entrega, o valor que te é oferecido.

Desperta os teus sentidos, desperta o poder da visão na observação, desperta o poder da audição com foco nos sons, desperta a respiração profunda com o poder do cheiro sobre os aromas naturais, desperta o tacto ao colocares os pés ou as mãos sobre a terra, os arbustos, as pedras, as árvores, ahhh e experimenta tomar uma refeição na natureza, vais despertar o sabor e apreciá-lo com satisfação.

O contato com a natureza fortalece-nos o fisico, o espirito, torna-nos emocionalmente mais abertos e livres, permite-nos mais defesas, destreza, consciência, segurança e confiança.

Desafio a dar mais motivos porque, por momentos, são os que me ocorrem.

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Panela no Forno

10.02.23, Dulce Ruano

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Na minha rica cidade, a Covilhã, há comida muito boa e irresístivel, uma destas pérolas é a maravilhosa Panela no Forno, arroz com carnes incluíndo pedaços de dobrada e enchidos da região.

Em vários restaurantes costuma haver à sexta-feira, tenho um a poucos quilómetros do local de trabalho que faço questão de eleger como muito bom porém a última vez que contatei alteraram a ementa e não havia Panela no Forno. Fiquei com os tilins em baixo, não tirava a Panela da cabeça.

Por sugestão dum colega fui a um restaurante mais próximo, apesar do receio pois este prato é maravilhoso quando bem confecionado. Pedi uma dose individual para consumir fora, aguardei com uma ansiedade tremenda e nem era de necessidade fisiológica, era fome emocional, era uma vontade de saborear e sentir prazer em cada garfada com tais ricos sabores.

Entregaram-me uma couvette redonda devidamente acondicionada com a tampa, corri ao carro ávida da vida a fim de ir ao lugar de eleição para o deguste daquela Panela que vinha num prato de alumínio descartável.

A pouco mais de cem metros estaciono na sombra do enorme pinheiro, estava uma calma incrível, temperatura amena, baixei o vidro da porta do carro, puxei o assento todo para trás, coloquei um pano sobre as pernas, tiro o talher do porta luvas e à medida que estas pequenas tarefas iam acontecendo sentia-me a salivar por dentro, lânguida e numa espécie de êxtase para iniciar o processo que me iria dar um prazer do caneco.

Vou abrindo o prato de aluminio à volta para desprender a tampa, as pontas dos dedos iam perdendo a sensibilidade devido à rapidez com que os movimentava até que a levanto ….. os meus olhos passaram a órbitras espantadas e tristonhas, por momentos muito rápidos apeteceu-me chorar.

Coloquei a tampa de imediato, fechei o prato a toda a volta, senti todo o meu sistema muscular a descair de desilusão total.

A guarnição do prato vinha carregada (basta uma para ser uma mão cheia) daquelas coisas tão nojentas para mim, nem lhes gosto de apontar o nome mas vá, azeitonas, blarghhh.

Não gosto de azeitonas. E ponto.

De nada adianta, "Ahh e tal e são tão boas e não sabes o que perdes, ao menos provas para confirmar se gostas ou não, sabes lá o que é bom!". Epá! Poupem-me a estes comentários.

Não gosto e faço questão de não gostar! É que eu não quero gostar de azeitonas. Ponto outra vez.

Ao longo da minha vida tem sido um pavor nos restaurantes ou festas com catering, já me recusei a comer (mesmo com fome), já mandei comida para trás (apesar de ter alertado que não viesse com as ditas cujas) e uma vez, um senhor que servia a minha mesa a quem reclamei a travessa de carne assada carregada daquelas coisas teve a lata de as apanhar com as suas mãos e encatrafiou-as para dentro dos bolsos das calças e outra vez uma senhora desastrada inclinou uma bandeja na minha direção cheia de caroços roídos e espatifaram-se para cima de mim.

Teria aqui muita história para contar.

Fechei a couvette numa grande rapidez, pus os neurónios a dar opções do que havia de fazer:

  1. Não mexia mais naquilo, guardava para malta de casa comer ao jantar e eu ia ver de outra coisa.
  2. Com a ajuda do garfo deitava ali no chão toda a parte de cima na expectativa que surgisse um cão faminto e comia só a parte de baixo.
  3. Voltava ao restaurante, pedia desculpa pelo incómodo, explicava e pedia uma nova couvette.

Fiquei-me pela terceira opção. Volto ao restaurante informamdo logo o senhor que tinha um problema com a dose que acabara de levar.

Com a maior das latas disse-lhe que tenho alergia a azeitonas e que teria de me trocar a comida por outra diretamente da panela, aconselhei até que tivesse isso em consideração porque só onde elas pousam é o suficiente para fazerem mal, muito mal. Prontificou-se, senti que zelou pela minha segurança e fez ele muito bem.

Tenho a esperança de que o senhor do restaurante não leia isto e caso aconteça deixo-lhe esta informação: "Não é alergia fisica, é uma alergia psíquica o que por vezes não dá muito bons resultados, sinta-se de consciência tranquila porque foi uma boa ação do seu dia, ahh e já agora aproveito para lhe dizer que o novo prato que serviram não tive direito aos enchidos nem à salsa mas deixe lá, salvou-me o prazer de comer uma rica Panela do Forno à sombra do pinheiro que me soube mesmo bem".

 

 

Sua autoridade também faz xixi

02.02.23, Dulce Ruano

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Precisava de comprar uns botões o que me levou a optar por uma loja de comércio tradicional na parte velha da cidade, sendo conhecida pelas ruas aos altos e baixos e tendo em conta a dificuldade em conseguir um lugar para estacionar optei por um pequeno espaço de residentes e comerciantes mas que só dá para ficar atrás dos carros que lá estão estacionados, aquele lugar sempre funcionou assim e desde que não passe muito tempo ninguém se aborrece. A loja fica a 3 metros dali.

Quando cheguei estava a Policia de Segurança Pública a falar para uma menina com jeitos de quem estava a pedir documentos, não consegui perceber nada também não quis saber e entrei na loja dos botões.

Assim que ponho um pé no interior e digo Boa Tarde já estava o senhor da loja a dizer “Hmm é só para isto é que servem, para multar” e eu perguntei se de facto estavam mesmo a multar e ele responde “Só pode, é só o que sabem fazer”.

Achei, de certa forma aquele comentário um pouco grosseiro e não alimentei conversa, não tinham os botões que queria e saí, a policia continuava por ali. Ao lado do meu carro acabara de chegar uma carrinha grande, saía uma senhora do lado do passageiro e disse para o condutor, “ahh está aqui a menina do carro ao lado tenho de lhe dar passagem” e de repente lembrei-me que estava também a 3 metros dum supermercado e disse à senhora “ Ahh esteja à vontade afinal ainda vou ao supermercado”, a senhora diz-me “Ohhh olhe veja lá no que se mete olhe que eles andam ali e ainda a multam”, já não respondi.

A loja tem um andar na cave onde precisei de ir, prestes a sair passei pela vitrine dos queijos, pedi umas coisas enquanto isso vejo o rapaz a olhar para a escadaria com os olhos bastante esbugalhados dando a perceber algo estranho, olhei para trás, vejo um dos senhores policias de porte musculado e repleto de coisas presas ao seu fato de serviço, crachat, insígnias, divisas, pistola e algemas sentindo-se que não vinha propriamente calçado de pantufas.

Ao fazer a última escada indaga “olhe, disseram-me que a casa de banho era aqui em baixo pode-me indicar onde por favor?” e o rapaz com um ligeiro nervoso diz “Hammm olhe, é mesmo aí atrás de si”.

Poucos segundos depois mais alguém desce as escadas e diz a rir para o funcionário “Então já indicaste a casa de banho ao policia?” era o patrão do supermercado.

De seguida o policia sai e agradece, o funcionário também disse obrigado sem saber porquê.

Subo as escadas e vou para a caixa pagar, assim que pouso os produtos entra um casal sexagenário e, de sorriso malandreco, pergunta à menina da caixa “Olha lá então o que é que a policia queria daqui?” a menina responde “Ahh nada de especial só estava à rasca para fazer um xixi”.

Fiquei com a sensação de que este casal ia cuscar noticia para espalhar, foram confirmar se o policia tinha entrado para fazer alguma diligência e a melhor resposta que levaram foi a de que o policia estava com vontade de fazer xixi pois afinal é um ser como qualquer outro e que também tem as suas necessidades fisiológicas, o engraçado foi a cara de lixada do casal por acharem que iam fazer a cobertura duma grandiosa noticia.

Não cheguei a perceber o que estavam a fazer mas senti que estavam a realizar o seu trabalho, saí da loja, entrei para o carro e o policia do xixi ainda me auxiliou na manobra apesar de não ser preciso mas está-lhes no sangue.

Nota: Imagem Pinterest br.freepik.com