Gosto pouco, muito pouco, de moscas. Há as mosquinhas mortas e as mosquinhas aceleradas. Quando nos queremos livrar duma mosca acelerada e espevitada é um caso complicado, voam muito rápido, deslocam-se com uma perspicácia que me tiram do sério, voam à minha volta, traçam uma linha reta rigorosa e tanto estão aqui como ali, por janelas que se abram ou que se ande de mata-moscas na mão este tipo de mosca é sempre difícil de apanhar e quando se apanham dá-se-lhes com tanta força que se desintegram ao ponto de nem se lhes ver vestígios.

Reconheço que terão um sentido na natureza, para alguma coisa devem prestar mas dentro de casa e para quem vive no campo é desesperante, que me perdoem os defensores dos animais mas não há quem aguente uma mosca dentro de casa particularmente as aceleradas que só parece que vêm munidas de um turbo galopante.

Depois há as mosca mortas, ou melhor, as mosquinhas mortas, não estão propriamente perecidas mas num estado de morbidez que lhes reduz o arranque de partida para outro lugar, voam devagar e são tão ou mais irritantes que as espevitadas.

Por vezes as mosquinhas mortas atrapalham o trajeto das moscas aceleradas e por vezes estas deixam as mortas ainda mais exaustas do que estavam pelo que o cruzamento entre ambas poder-se-á tornar um problema e que até pode tornar-se em algo grave, a acelerada poderá não ficar com mazelas físicas mas traumatizada com a falta de genica da mosquinha morta que ainda assim acaba por sair ilesa de qualquer confronto e parece que não foi nada com ela acabando por se tornar numa mosquinha inocente mas maldosa, ainda assim algumas são apanhadas pela sua própria morbidez.

Confesso que as mosquinhas mortas não são de todo as minhas favoritas, mal por mal, as aceleradas sempre me dão mais actividade e adrenalina, acima de tudo são puras, naturais e honestas, o que é, é e o que não é, não é