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A Sorte da Raposa

Partilha de emoções, experiências, reflexões ❤

A Sorte da Raposa

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Assim tratei das dores

21.01.24, Dulce Ruano

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Domingo. Acordei com o toque do despertador.

No dia anterior tinha abraçado uma nova experiência, dar formação a futuros massagistas. Apesar de me sentir confiante e ter passado todos os momentos livres da semana a estudar os conteúdos que iria ministrar era inevitável o anseio e o entusiasmo de conhecer o grupo de formandos, como me iria sentir no comando, como me expressaria na explicação e também como eles se sentiriam perante a minha presença, naturalmente que o anseio não era só meu, era de todos.

Rapidamente foi tudo ultrapassado por ambas as partes, esta é uma das razões porque gosto tanto de dar formação não só transferir conhecimento mas muito pelo relacionamento humano, conhecer e interagir com pessoas e grupos.

Foi um dia extenuante, no final quando peguei no carro para regressar a casa percebi o quanto estava cansada, tinha feito uma grande entrega de mim e senti-me sem energia mas estava ao mesmo tempo com um sentimento bom, de missão cumprida, feliz pelo grupo que tinha acabado de conhecer e com quem iria estar nos próximos sábados.

Domingo acordei depois do toque do despertador pouco passava das 8h da manhã, tinha o compromisso comigo mesma de assistir à sessão de meditação que a Margarida, minha formadora do curso de Instrutora de meditação, iria dar no zoom.

Estas sessões são diárias e fazem parte dum desafio que nos lançou durante 30 dias, quando não posso estar presente on-line ouço a gravação do dia noutra hora que por regra pus a mim própria, não posso acumular gravações e tenho de ouvir no próprio dia, porém a de sábado de tão cansada que me sentia nem coragem tive de a ouvir. 

Às 8 e meia da manhã estava a ouvir a sessão e a ter a percepção do quanto me sentia tão mal com a dor de cabeça e uma sensação horrivel de mau estar geral, sentia-me frustrada por ser domingo e querer estar bem e usufruir do dia mas não reunia condições. Este sentir irritou.me! Se por um lado estive vai e não vai para voltar para a cama e ficar a dormir até à uma da tarde tive um diabinho por trás da orelha a dizer que tivesse juízo e fizesse mas era alguma coisa para combater o mau estar pois se voltasse para a cama iria sentir-me pior de certeza por não fazer nada!

Eram 9h da manhã, a sessão tinha terminado, ainda de auscultadores nas orelhas e uma manta a tapar as pernas vestidas de pijama aproveitei a oportunidade e ouvi a gravação do dia anterior e a sensação foi tão boa que sentia-me a aliviar do mau estar mas não era suficiente.

Fui pôr roupa a lavar, fiz uma canja de galinha e enquanto a água fervia para baixar a tempertura do fogão fiz uns alongamentos na zona da cervical e pescoço, havia alguns dias que trazia dor no lado direito, alongei a cervical para a frente, para trás, para os lados, a pouco e pouco ia sentindo um pequeno alivio e para continuar aqueci uma toalha no microondas que depois de estar bastante quente coloquei-a à volta do pescoço, que bem me soube.

Entretanto a água da canja fervia, reduzi a temperatura e fui fazer uma sessão de Qi Gong, faço todos os dias de manhã para me dar abertura ao corpo, sabe-me mesmo bem, alongamentos leves e suaves acompanhados da consciência e controlo da respiração, comecei a libertar-me de tensões, peso e dores tanto do pescoço como da cabeça, tomei um banho, vesti roupa confortável e sentia-me pronta para conquistar o dia.

No entardecer, apesar de me sentir bem faltava-me algo e não era nenhum ferrero rocher, precisava de sair, espairecer. Como JM alinha logo, pois a nossa cumplicidade é assim, um diz mata outro diz esfola, subimos até à cidade, subimos pela Serra da Estrela acima à cata das cores que o céu produzia com a mistura de pôr do sol e as nuvens.

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A primeira paragem foi nos Piornos, o cenário no vale de Alforfa estava divinal com várias tonalidades de amarelos e laranjas mas quando olhei por cima do Terroeiro disse para JM que tinhamos de subir rápido até à Torre, as cores espelhadas no céu na direção do sol estavam flamejantes, fomos de imediato e na aproximação do Cântaro Magro junto ao Covão do Boi, na ligação ao Cântaro Raso as cores do horizonte eram azuis e arrosadas, continuámos a subir e na chegada à Torre o cenário era uma autêntica explosão de amarelos, laranjas, vermelhos, azuis e dourados. Momento soberbo!

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Era isto que me faltava para completar o dia e me completar a mim própria, estava preparada para assumir a semana de trabalho e todos os desafios que fazem parte.

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