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A Sorte da Raposa

Partilha de emoções, experiências, reflexões ❤

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Correr com a chuva

20.10.22, Dulce Ruano

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Hoje não seria dia de treinar, mas disse a mim mesma que o iria fazer sem me comprometer com a minha consciência, não fosse às vezes surgir algum deslumbre 😁
Saí do trabalho, fui comprar umas coisas no supermercado e aproveitei a oportunidade de ir a uma loja comprar a prenda de aniversário do Duarte .

Quando entrei para o carro, no estacionamento do fundo, recostei-me no assento, saquei dum Tiramisu que tinha comprado e comi aos pedacinhos pequeninos para durar mais tempo, o ócio e a sensação de preencher o papo com aquela gulodice que comia minusculamente tomaram conta da minha consciência que me ia dizendo para não ir treinar.

Saí do estacionamento, a noite tinha chegado e não chovia, fui para casa, porém, de caminho passaria pelo complexo desportivo, ao me aproximar da rotunda o carro virou sozinho para lá, afinal a minha consciência não me tinha tramado.

Na pista pensava no Tiramisu que tinha comido, imaginava-o aos trambolhões no estômago a largar os hidratos de carbono para os músculos até asfixiarem e não me permitirem fazer mais do que duas voltas.

Corria focada na respiração para me aguentar com o minímo esforço, sinto uma gotita ou outra que cai do céu e começa a chover, certinha, equilibrada, fresca. A pouco e pouco começa-se a entranhar na roupa, nas sapatilhas e das minhas extremidades caem pingos de água permanentemente, deixo-me ir no ritmo até que percebo que a cada volta que dava melhorava o tempo o que me permitiu uma melhor performance em relação ao dia dos testes cooper que o meu treinador tinha feito no inicio da semana.

Entusiasmei-me com a minha capacidade física e com aquela chuva senti uma liberdade incrível, abri os braços, agradeci e continuei, estava imparável, mas tinha de terminar, não conseguia e a única forma que encontrei foi acelerar com todas as minhas forças até chegar ao limite e parei de correr, continuei a caminhar porém durante uns trinta segundos foi-me muito difícil respirar, o coração batia forte, continuei a andar, fiz uns alongamentos e segui para o balneário.

A roupa estava agarrada à pele, ainda escorria água e antes que a temperatura do corpo baixasse meti-me debaixo duma boa chuveirada de água quente que tão bem me soube.

Não me restam dúvidas que a chuva é o melhor ingrediente para uma boa prestação física e emocional, ou terá sido do Tiramisú, talvez…

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