Há gentileza e também pressa
Era horário de almoço, apesar do curto tempo há sempre quem aproveite ou precise de fazer uma compra ou duas num hipermercado, mas a pressão dos ponteiros é grande, há que gerir bem o tempo, comer, deslocar, procurar os produtos e a parte pior que é sempre difícil de prever, o tempo na caixa para pagar e sair.
Estavam duas caixas abertas com filas abundantes, qual delas a mais vistosa, Maria encontrava-se no meio da fila de uma delas, as duas pessoas mais próximas eram um homem na casa dos 50A e à frente dele uma mulher na casa dos 30A.
A fila parecia ter estagnado mas sem se perceber o motivo pelo que não havia nada a fazer senão esperar até que se ouve um alti falante a indicar a abertura de outra linha de caixa e que as pessoas deveriam, por ordem de chegada, passar para essa nova linha de caixa.
Maria aguardou que as pessoas à sua frente se movimentassem para lá porém o homem 50A questionou a mulher 30A se pretendia mudar de fila uma vez ela estava à sua frente, apesar dela não ter por base essa intenção, o facto dele lhe perguntar despertou-a e acabou por ir para a nova caixa, de seguida foi ele e a seguir foi Maria e mais pessoas.
Na nova fila de caixa a mulher de 30A era quem liderava a fila, a operadora fez-lhe a conta, ao indicar o valor a pagar a mulher 30A diz apavorada que não tinha o cartão com ela, a operadora acalmou-a e indicou-lhe que podia pagar por MBway mas ela indica que não tinha a aplicação.
Atrás dela começam os bocejos e expirações profundas e talvez arrependimentos, digo eu, principalmente do “cavalheiro amável” que lhe deu prioridade.
A mulher 30A informa a operadora que só tinha a aplicação de caixa direta mas que não sabia como fazer o pagamento e a operadora diz-lhe que a iria ajudar a resolver, porém o homem 50A começava a exibir alguma agitação chegando-se um pouco à frente e diz “desculpem intrometer-me mas estou com imensa pressa, eu pago as compras desta senhora mas por favor deixe-me seguir, quanto é?”
Instala-se por momentos um clima de estagnação e espanto, o homem insiste em pagar para se despachar, a operadora indica o valor, ele paga e de seguida paga as compras dele saindo dali de forma ágil e veloz.
A mulher 30A apenas diz “mas eu não tenho forma de lhe devolver o valor” e ele diz “não se preocupe, as suas compras estão pagas e um dia que encontre uma situação idêntica, faça o mesmo”.
Parece que era uma conta de vinte e poucos euros.
Bem, ninguém lhe tirou a matrícula, pelo que sei.