Matemática
Uma pessoa decidiu voltar aos estudos académicos aos quarenta e um anos, havia vinte que não estudava.
O curso era de três anos mas houve quem aconselhou que o fizesse em seis, era para ir fazendo..... porém a pessoa além de trabalhar tinha uma casa de familia para gerir e dois filhos na escola primária. Fez o curso nos três anos previstos e foi a exame a três disciplinas no primeiro ano, resto fez tudo direto, mas não é esta a história que se vai contar.
A história começa com a matemática, a disciplina que alguns adoram e outros nem a podem ver depois também há os que começam a gostar.
As aulas tinham então começado na universidade e essa pessoa estava num dia normal de trabalho, decidiu ir às de apresentação e negociar com os professores como seguir as matérias sem faltar ao trabalho que era o seu ganha pão, porém uma disciplina em particular era mais dificil com esse método pelo que tentou assistir a quase todas nesse semestre.
A matemática era um tema que essa pessoa não estudava havia vinte e cinco anos e nos tempos de escola tinha sido uma nódoa no assunto, tivesse sido karma ou não, foi a primeira disciplina no seu primeiro dia de aulas, saiu do trabalho às 10:45h, chegar à universidade, estacionar, encontrar a sala, eram 11:20h. Entra sala adentro e repara que estava tudo muito concentrado ninguém daria pela sua chegada, o professor tinha um ar austero e o quadro estava já totalmente ocupado com milhares de equações.
Naquele momento, a pessoa sentiu um choque dentro de si e percebeu que tinha um pé a avançar para a frente, o outro ia para trás, ficou por instantes na dúvida se deveria ficar e fazia aquela licenciatura ou se deveria sair e sua vida voltaria ao normal regressando ao trabalho, no entanto desistir de um desafio está fora de questão para esta pessoa, corra bem ou mal tem de o experimentar.
A decisão tinha de ser tomada e optou por se sentar assustadinha até mais não!
Olhou para o quadro, sentiu um calafrio com tudo o que o professor já tinha feito, não percebia nadinha do assunto, estava apavorada mas tinha de se integrar e fazer alguma coisa, puxa dum caderno e sem perceber a linguagem achou por bem passar tudo o que estava no quadro, no minimo sentir-se útil.
A aula acabou, regressou ao trabalho um pouco estonteada e quando chega a casa conta as suas aflições ao marido, este entendido um pouco melhor no assunto pede.lhe que lhe mostre os apontamentos para perceber que matéria tinham dado, ele faz um reparo na resolução duma equação cuja resposta era "54" dizendo que era ímpossivel aquele resultado, apesar de muita insistência da pessoa dizendo que estava bem porque se limitou a passar do quadro. No fundo este argumento não passava da sua defesa em forma de desespero para provar a si mesma que tinha valido a pena o sacrifício de assistir à sua primeira aula de matemática, assim gerou.se uma pequena discussão em torno da solução da equação em que a pessoa insistia ser um "54" por sua vez o marido afirmava que seria uma raiz quadrada de 4.
O marido tinha razão! A pessoa sentiu-se profundamente triste e muito frustrada mas não baixou braços e investia cada vez mais na matemática chegando ao ponto de ter pesadelos com raízes quadradas que voavam e ainda gozavam com ela! Aquilo foi horrivel, mais tarde arranjou uma explicadora e havia sessões em que chorava de tal forma que a explicadora passava a psicóloga.
Por muito que se esforçasse e sempre confiante para os testes nunca passava do 9 e assim chegou ao fim do semestre teve de se propôr a exame, aquilo foi estudar dia e noite, era a sua última oportunidade porém nas vésperas do exame a pessoa ficou doente com gripe, só faltava mais esta, ainda assim estava decidida a ir na mesma, foi dormir cedo e acordou às 5h da manhã para mais umas revisões até às 8h, o exame era às 9h.
Quando se levantou, sai do quarto para a sala porém estava tão mal da gripe que com as tonturas caiu, reconheceu que não estava bem, decide regressar à cama, aninha-se e o marido pergunta.lhe "então não ias estudar?" e ela responde "QUERO LÁ AGORA SABER DA M*** DA MATEMÁTICA, QUE VÁ AO RAIO QUE A PARTA QUE EU NÃO ESTOU PARA MAIS SACRIFÍCIOS, SINTO-ME DOENTE, NÃO SOU CAPAZ, ESTA M*** QUE SE LIXE! PRÓXIMO ANO TENTO DE NOVO, O QUE MAIS HÁ É QUEM DEIXE DISCIPLINAS PARA TRÁS "
Passado uma hora, como não lhe saía da cabeça o que tinha proferido ao mesmo tempo pensava no dinheiro duma propina e numa disciplina a mais que teria no ano seguinte, descansou mais um pouco e tomou uma decisão "NEM QUE VÁ DE RASTOS MAS TENHO DE IR".
Levantou.se às 7:30h tomou um duche, o pequeno almoço e um analgésico. Rumou à universidade meio a tombalear, tentou manter a postura, o medicamento já estava a fazer efeito e entra para a sala do exame a pensar "Ai, ai no que é que eu me vou a meter que eu devia era ter juízo e estar na cama a dormir".
O resultado do exame veio uns dias a seguir, verdade que foi a sua pior nota de todas as disciplinas nos três anos de curso mas verdade que aquele 12 soube a 20


Isto é tudo real. Isto é contado para mostrar que o ser humano é dotado duma capacidade tremenda para superar o que parece impossível, basta querer e quando se quer muito não há barreiras que nos prendam.
Esta pessoa, sou eu.