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A Sorte da Raposa

Partilha de emoções, experiências, reflexões ❤

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GRZ 33 - O Cão não fala

15.03.21, Dulce Ruano

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A teimosia leva-me a fazer aquilo a que me proponho, se há uns dois anos soube da existência da GRZ33 quem diria que estaria a pouco mais de um passo de a fazer mesmo achando que seria difícil arranjar tempo e condições para tal.

As coisas às vezes parecem mais complicadas do que aquilo que são verdadeiramente, tenhamos nós uma dose de aventura, audácia, força, coragem e a confiança de que nada nesta vida é impossível de fazer, temos assim os ingredientes necessários para a sua concretização, claro que a primeira coisa a ter é o sonho, o querer algo, se queremos, temos.

Dica: Temos de querer muito.

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A Grande Rota do Zêzere é composta por 370 Kms, começa no Covão da Ametade - Serra da Estrela, o rio Zêzere nasce um pouco acima, no Covão Cimeiro (parece que até é um pouco mais acima mas dizem-me que é melhor não se saber onde exactamente), começa por percorrer o maravilhoso Vale Glaciar de Manteigas e por aí adiante até Constância onde desagua no Rio Tejo (No fundo deste texto ficam os links para viajarem neste rico Vale Glaciar e à suposta nascente do Rio Zêzere)

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É um grande desafio mas recusava-me a usar o tempo das férias para fazer esta grande rota por ter tantos outros lugares para fazer pelo que de repente me despoletou a possibilidade de ir fazendo por etapas aos fins de semana. Em tanto quilómetro a pé com uma tão grande variedade de natureza, paisagens, sons, lugares, há sempre umas histórias que marcam e de várias maneiras.

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Numa das etapas entre Vale de Amoreira e Valhelhas tivemos de atravessar o rio, apesar de ser Inverno e o caudal ir com alguma força naquela passagem a água dava um pouco por baixo dos joelhos, descalçámos as botas, aforrámos as calças e seguimos naquelas águas cristalinas.

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Quando ia ao meio faltou-me o ar devido à agua ser tão gelada a bater-me nas canas das pernas, quando cheguei à margem parecia que as pernas tinham ficado para trás de tão anestesiadas que ficaram, calcei-me e continuei por entre o mato até que chegámos a uma zona que era necessário atravessar a Ribeira de Beijames, uma travessia mais curta e menos fria, passou-se bem, após a passagem vieram no nosso alcance uma meia dúzia de cães gigantes do gado que por ali pastava entre eles alguns Serra da Estrela puros, eram enormes mas sabendo a doçura que lhes assiste não receamos nada a aproximação.

 

Diante dos cães surge o pastor que andava com o rebanho, o Sr. António Domingos, de grande simpatia e alegria por nos ver, trocámos explicações, fizemos umas fotografias e no final da nossa conversa adorável, fiquei um pouco dúbia do que ele ficou a pensar de mim, pois terminou desta forma:

Eu: Sr. António, foi um grande prazer conversar com o senhor, gostei imenso de o conhecer, desejo-lhe felicidades, agora temos de continuar o nosso trajeto.

Sr. António: O prazer foi todo meu, espero que cumpram com o vosso objectivo, que tudo vos corra bem.

Eu: Grata Sr. António.

…. nisto, avancei um passo e um dos cães gigantes que esteve ali sempre junto a nós, olhou para mim e abanou o rabo, passei-lhe a mão pela cabeça e digo:

Eu: Ohh Cão, Xau Cão!

Sr. António: Hummm, atão o cão não fala!!

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Vale Glaciar de Manteigas

Aqui nasce o Rio Zêzere - Covão Cimeiro