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A Sorte da Raposa

Partilha de emoções, experiências, reflexões ❤

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O homem da outra - Parte I

11.01.20, Dulce Ruano

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 O homem da outra – Parte I

Aos sábados costumo ir ao pão. Vou aos sábados porque tenho mais disponibilidade no período da manhã, trago duas sacadas que dão para toda a semana, mais ou menos, pois às vezes não chega, com dois teenagers em casa e um marido que come pão com tudo, até à refeição come pão, eheheh, pois eu sei que é normal comer-se pão à refeição eu é que não sou muito desse normal, não faz parte das minhas opções nas refeições principais mas também é raro comer, empaturra-me e além disso sou mais de comer "comidas de tacho" tipo sopa ao pequeno almoço (eu sei que soa a estranho mas gosto).

Apesar de não ser apreciadora reconheço pão de qualidade e descobri há uns tempos um café/padaria que o tem.

Passei a ir lá com regularidade, fica numa pequena vila, levo dez minutos de carro, numa galeria de um mini mini mini shopping, não é um espaço muito agradável de se ir, apesar de estar limpo, todas as lojas são interiores e não têm ligação ao exterior a não ser a loja da entrada que tem uma grande vidraça para a rua.

O café/padaria é ao fundo do corredor virando à esquerda, é pequeno, talvez umas cinco ou seis mesas de café e vendem pão que é fabricado numa outra vila perto cozido em forno a lenha.

As empregadas são simpáticas, amáveis, trabalhadoras e não estão com ar de enfezadas ou de espalhafatosas, são cumpridoras e têm sempre um leve sorriso, quanto ao patrão, o Alfredo, atencioso, cumprimenta-me sempre com um “bacalhau”, postura delicada e simpática, gosto sempre de o encontrar por lá, boa pessoa.

Há lá sempre homens, mulheres, conversas em tom alto outras baixo como que a coscuvilhar, bebem café, cerveja, vinho, comem bolos, expressam de alguma forma a sua necessidade de descomprimir um bocadinho do seu dia a dia e afia-se a língua pela manhã.

Há coisas que ouvimos e não ligamos e há outras que ouvimos e o nosso ouvido retém como se de uma licença tivesse para apanhar uma conversa ou parte de uma.

Um sábado destes entrei, reparei que estavam duas senhoras a tomar café, acho eu, não liguei mas percebi que estavam na conversa e apanhei no ar uma a dizer algo que enaltecia supostamente o seu marido, ouvi ela dizer “ahh lá nisso o meu marido ajeita-se muito bem” ao que dizia a outra “ohh olhe nisso o meu atão não vale nada, aliás ele não presta pra nada”…

... retive…ri-me para mim e este riso passou a um sorriso para a empregada que me dava o bom dia, Alfredo estendeu-me um bacalhau com simpatia, paguei, agradeci e desejei um bom fim de semana, lá fui pelo corredor do mini mini mini shopping, dei por mim a pensar nas duas senhoras, quanto uma estava radiante e orgulhosa do marido e a outra o quanto estava decepcionada mas acomodada.

Fiquei com curiosidade no que é que o seu marido não prestava   e no que é que o marido da outra seria jeitoso como ela dizia com orgulho  até me deu vontade de lá sentar e meter-me na conversa... demasiada malvadeza e cosquvilheira , vá-se lá saber.....

 

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