Ruca é um menino de 4 anos que como todos os outros meninos e meninas se resguarda com a protecção dos seus pais em casa já por algumas semanas, no caso, a mãe trabalha e Ruca junto com seu irmão mais velho estão em casa com o pai. Muitas vezes me pergunto e assim penso, porque os meus já são uns bons teenagers apesar também dos seus dilemas, mas o que irá no entendimento destas crianças mais pequenas sobre a viragem que de repente o mundo e as nossas vidas levaram com a invasão do bicho somenos.

Deixam de ir à escola, ao infantário, deixam de brincar na rua, nos parques, de ir às compras com os pais, brincar e conviver com os seus amigos, colegas, e restantes familiares, eles próprios deixaram de ter vida social, passando a ter uma vida isolada só com os pais (benditos os que têm pais) sujeitos ao equilíbrio mental e criatividade de quem trata deles que será de um fator extremoso para manter a sanidade e o bem estar de todos dentro das suas próprias casas.

Acredito em certa parte que estas crianças entenderão o que se passa porque lhes explicam, por outro lado penso que, por mais explicações e desenhos e coreografias haja, que deverá haver alguma confusão ou dúvida, não colocando em causa as suas capacidades e ainda assim a minha dedução vai no sentido de que algo os deve intrigar.

Ruca hoje de manhã perguntou à mãe antes desta sair para o trabalho, “Mãe, que dia é hoje?”, a mãe informa “Ruca, hoje é dia 15 de Abril”, e Ruca insiste, “não, mãe, não é isso que quero saber, que dia da semana é hoje?”, a mãe responde “Hoje é quarta-feira” e Ruca remete, “Ahhh, Hmmm, eu já não percebo nada destes dias”, à medida que respondia isto à mãe caminhava com um ar desapontado pelo corredor virando à direita para a sala de estar.

Os dias da semana para muita gente confinada ao seu isolamento social e de hábitos passaram a ser iguais, que interessa se é terça-feira ou sábado, se é dia de ir à missa ou de fazer uma actividade marcada num dia e hora da semana, que interessa se é dia de semana ou de fim de semana, ou dia de folga, passou a ser tudo igual, imagine-se na cabeça de uma criança em que a velocidade de pensamentos e ideias é atroz, o turbilhão que por ali deve andar.

Que isto tudo já mudou, ninguém terá dúvidas e nem se põe em causa se é para melhor ou para pior, será para o diferente e é este diferente que teremos de aceitar daqui em diante bem como pô-lo em prática, por um lado até dá alguma energia e curiosidade, por outro apreensão, o tempo é mestre nas respostas…