Os meus 30 anos!
E hoje completo os 30!
Durante estes 30 anos tem sido só crescimento, mesmo quando pensava que tinha estagnado estava também a crescer, era o tempo que precisava para reflexão e perceber que a rotina não fazia parte da minha vida saltando para novos desafios e o contínuo desenvolvimento enquanto ser humano.
Entrei de salto alto e calça vincada, o cabelo vinha o mais perfeito possível, era inverno e os meus pais tinham-me acabado de comprar um casaco novo que guardei para a estreia.
Preenchida de expectativas e anseio para dar o meu melhor estando atenta a todos os pormenores que me eram ensinados, fui colocada no serviço de recepção e rapidamente decorei os números de telefone com que mais se trabalhava, há 30 anos não se usavam as memórias na central. Uns meses depois fui convidada a novos cargos, que grande desafio! que grande responsabilidade, que grande aprendizagem estava prestes a começar, regras e exigências de aprender e fazer bem à primeira eram impostas mas eu estava feliz por todas as descobertas que surgiam diariamente.
Ao longo destes 30 evolui e cresci, aprendi em várias áreas, gostei e superei todas as tarefas que me foram colocados, hoje faço aquilo a que me candidatei há 30 anos atrás, portanto, cá estou.
Diz-se que trinta anos são uma vida, hoje ouvi isto várias vezes, porém não são uma vida, são parte integrante duma vida, da minha, da qual milhares de coisas aconteceram, casei, tive filhos, regressei aos estudos universitáros, fiz muitas formações, tornei-me formadora, terapeuta, massagista, aventureira, feliz, livre, sim, livre de barreiras e obstáculos e coisas que a sociedade nos impõe e vergonhas e baixa estima e medos e preconceitos e receios e contenções e uma lista infindável de coisas que me amarravam e que não me permitiam viver de forma leve. Tranquila.
E sim, fora do horário de trabalho de há 30 anos, que cumpro escruplosamente, tenho outra vida à espera, antes e depois de cada 8 horas de serviço diário, aquela que fui construindo em paralelo e que me complementa porque não tenho jeito nenhum para sentar o rabo no sofá. Trabalho fora do trabalho mas dá-me um prazer do caraças fazer aquilo que gosto e canso-me e desgasto-me mas recupero com frequência quando me ponho de frosques para uma aventura em perfeita descontração e harmonia com o meu espirito de rebeldia.
Até me pode custar muito escalar uma montanha mas quando lhe chego ao topo a libertação que sinto é o meu descanso, é o meu retemperar com nova energia e mais forte, até me basta uma paisagem, um lago, um rosto, uma atitude, servem-me perfeitamente para o meu descanso, aprecio e absorvo.
Nestes 30 anos enquanto local de trabalho, tantas pessoas, tantas histórias, tantos altos e tantos baixos, tantas amarguras e alegrias, lágrimas de injustiça mas também de emoções boas, de certezas e incertezas, tanto, tanto, tanto.
Nestes 30 anos fiquei mais forte e corajosa e determinada e destemida, aprendi a viver com o desapego e vejo tudo mais nítido mas não significa que não sinta emoções, só entendo que cada pessoa tem a sua história de vida e a cada um lhe diz respeito sem julgarmos ações e atitudes, lá está, cada um sabe de si e eu cá sei de mim.
Hoje, no dia que marca os 30 anos não trago salto alto, usei botas rasteiras de camurça, a calça não é de fazenda com vinco, são de ganga e informais e o cabelo com rabo de cavalo!
Todos os dias é o inicio de um novo ciclo e pequeno que seja, hoje é o inicio de mais um, quando chegar o momento de parar passa-se para outro e o que importa é que a vida continue…
A todos os meus colegas de trabalho dedico este dia, homenageio e agradeço por toda a aprendizagem e crescimento que de alguma forma contribuiram para ser quem sou, mais completa!