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A Sorte da Raposa

Partilha de emoções, experiências, reflexões ❤

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Quando nasceram as mamas

14.12.21, Dulce Ruano

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Tinha perto de uns dez anos.Ainda vivíamos na quinta com os meus avós, a distância entre as casas mais próximas era relativamente grande, inclusive os bairros, mas ainda assim eramos vizinhos de toda a gente.

Duma quinta e um bairro próximos foram duas miúdas, mais velhas que eu, para nossa casa a aprender a fazer umas roupitas com a minha mãe, ensinava-as a cozer à máquina, a alinhavar, a passar a ferro e creio que até ficaram com uma ideia de como fazer moldes. Eu, uma gaiata que raramente tinha alguém da minha idade para brincar comecei a afeiçoar-me aquelas miúdas e a deitar-lhes o olho para a brincadeira mas elas, com uns 3 anos a mais que eu além de estarem instruídas para a responsabilidade de trabalharem e aprenderem já eram consideradas umas mulheres à minha beira.

As suas hormonas estavam a encaixar, os seus corpos estavam transformados, mais moldados, as sensações e emoções andavam aos saltos e eu não sabia nem percebia nada daquilo.

O meu peito era lisinho que nem uma tábua, no verão, com o calor, dava-me ao luxo de andar na quinta só em cuecas, foi a liberdade em que cresci e eu nem pensava se alguma coisa um dia ia mudar em mim, era feliz como era e não havia mais nada.

Quando a Shila e a Lenny foram lá para casa já levavam mamas e admito que foi por isso que comecei a pensar que um dia as minhas também iam nascer e crescer mas não queria, tinha medo e vergonha, cheguei-me a questionar porque haveria de haver transformações em mim se eu estava tão bem e caminhava para algo que desconhecia e que me dava uma sensação desagradável.

Na verdade, o dia que senti uns pequenos carocitos nos meus mamilos tive vontade de chorar, elas estavam a chegar e não as podia evitar, recordo que os tentei dissolver com as mãos para desaparecerem, os mamilos ficavam tão vermelhos e massacrados que percebi que tinha de parar com aquilo para não entrar em sofrimento. Sofri. Bolas, tinha 9 ou 10 anos!

O ambiente em casa tinha momentos tensos, a mãe tinha uma responsabilidade grande sobre as miúdas, havia horários, tarefas e aprendizagens para cumprir, este ambiente não se adequava a mim que era livre e queria brincar e por tal fazia tentativas de abordagem a Shila e Lenny mas com pouco sucesso, elas tinham a tentação mas não podiam. Aquilo era chato, tão novinhas e já naquela vida austera e chata.

 

Numa tarde de verão a mãe ausentou-se depois do almoço deixando-lhes tarefas que cumpriram a uma velocidade veloz, pois tínhamos uma oportunidade de nos baldarmos indo toda a tarde para o rio que estava a 1 km da nossa casa.

Não dissemos nada a ninguém, fugimos pela quinta abaixo, corremos por entre os sobreiros ao alcance dum pequeno estradão que nos levava a atravessar uns terrenos de cultivo mesmo na margem do rio e chegando ali fomos para a água refrescar-nos do calor tórrido, na margem deixámos a roupa, ficámos de bikini, a diferença é que elas escondiam as mamitas no triângulo do bikini mas eu com os carocitos que ainda não se viam só tinha a parte de baixo pois a mãe ainda não me tinha comprado partes de cima.

 

Como eu sabia que elas vinham lá mesmo não se vendo nada já sentia vergonha de andar destapada porém no rio estava com as minhas amigas com quem me sentia à vontade pelo que relaxei e não dei importância. Estávamos super divertidas na água, felizes, três gaiatas a viverem a vida. De repente o cenário muda radicalmente, por entre as canas da margem onde tínhamos a nossa roupa surge um individuo que para nós era já muito velho completamente nu e a fazer cenas obscenas para nós. Que momento horrível!

 

Saímos da água muito aflitas, seguimos por entre as pedras da outra margem, descalças, pisámos ramagens, galhos, picos, corríamos perdidas da vida aos gritos a pedir socorro, logo à frente estava uma Família da nossa terra em modo de piquenique, o Senhor Zé que era o cobrador do autocarro reconheceu-nos vindo ao nosso encontro para nos ajudar, quando chegámos à zona da canas, claro está que o nu já não estava, o cobarde!

Recordo-me que a minha afronta era tão grande que fiquei tonta e custava-me respirar mas o que mais me custou foi correr com as mãos a tapar as mamas que ainda não tinha, foi das maiores vergonhas da minha vida, só de pensar que os adultos me viam naquele estado e sem poder chegar à minha roupa para me proteger, de facto correr com as mãos presas ao peito não deu lá muito jeito, sabem lá os momentos de aflição que ali passei!

O Sr. Zé voltou para junto da Familia, dizia disparates contra o outro tarado e nós atravessámos o rio, vestimo-nos e fomos a correr para casa vencendo a grande subida que tínhamos até casa debaixo de um calor terrível além do medo que ainda levávamos em nós.

Criámos um segredo entre nós, nunca diríamos nada a ninguém senão ainda seriamos punidas e pedi muito à mãe que me comprasse uma parte de cima do bikini até porque a Lenny fez chantagem comigo dizendo que eu tinha de perder a vergonha e contar à minha mãe caso contrário ela contaria tudo o que se tinha passado no rio.

Pronto, foi assim que a minha mãe soube que as minhas mamas estavam a começar a crescer 

Nota: Autor da foto - Ryan Jefferds

2 comentários

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    Dulce Ruano

    15.12.21

    Amiga do
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