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A Sorte da Raposa

Partilha de emoções, experiências, reflexões ❤

A Sorte da Raposa

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Que calor estava

24.01.20, Dulce Ruano

Calor_Sol.jpg

 

Há uns tempos, enquanto conduzia sentia que alguma coisa não estava bem com o carro, ouvia um ligeiro barulho que não era normal, cheguei a pensar em ir fazer as queixinhas ao mecânico, afinal eles servem para isso mas achei melhor não ir logo a correr.

Dia a seguir, a caminho do trabalho, o barulho do carro estava a aumentar e sem me querer precipitar para o mecânico, parei, saio do carro, dou-lhe a volta a investigar e....

Bem... nem queria acreditar no que acabara de ver, os pneus da frente estavam tão gastos que se viam os arames! Louca! Destrambolhada! Naquele momento a preocupação nem era a multa era mesmo a minha segurança!

Entro para o carro e vou directo para a casa dos pneus que por sorte fica a um Km do meu trabalho, mas... pior, pior foi ver o senhor quando mostrei o estado em que estavam, acho que ele fez um esforço danado para não se manifestar à minha frente. Por muitas desculpas que pensasse nenhuma faria sentido e o melhor era ter sangue frio para enfrentar a vergonha que sentia.

Como já é habitual o senhor vai comigo até ao meu trabalho para me deixar e regressa para a oficina com o meu carro que acaba por ficar lá até eu sair à tarde, outras vezes faz a entrega durante o dia mas não é certo, depende sempre se têm ou não muito serviço, a verdade é que sinto sempre a falta do carro e quando se chegou a hora de almoço, apesar de não precisar sair da empresa, senti a impotência de não  poder sair dali para espairecer como às vezes faço.

Na esperança, na ansiedade, ou sei lá eu o quê, assim que acabei de almoçar, venho apanhar ar, que estava um bafo dos diabos, alguns 47º, mas apesar do calor terrivelmente forte decidi ir à oficina ver se já estava pronto, tinha um feeling que já estaria e o podia trazer de volta.

Ao sair estavam alguns colegas a queimar os últimos minutos de pausa e como sempre estava lá a ti Lucinda que todos os dias lhe digo “vamos embora? Vá, não se demore” e ela responde sempre “sim, sim, eu já lá vou a ter” e digo-lhe “ti Lucinda hoje não vamos de carro, vamos a pé” ela diz "Ahh a pé não quero ir" é a nossa brincadeira diária pois ela daí a dois minutos entra ao serviço.

Vou a pé debaixo de um calor aterrador, pus em causa se conseguia chegar ao destino, sentia-me com tonturas e até achei que ia cair para o lado mas fui apanhando todas as sombras possíveis e lá  cheguei.

Entro na oficina... não vejo o carro... nem dentro nem fora, perguntei se já estava pronto.

Bem, o senhor fixa-me os olhos de muito espantado e diz-me “mas o carro está no mesmo sitio de onde o levei, olhe é que ficou exatamente no mesmo lugar de onde o tirei” e disse, “ahh que estranho, não reparei” e ele confirma: “pois olhe que o deixei lá, no estacionamento da empresa X” e eu disse “mas eu trabalho na empresa Y” ehehe, na esperança que ele se tivesse enganado na empresa e assim eu teria uma desculpa a mim mesma de ter ido a pé debaixo dum calor tórrido e quase a desfalecer.

Ele retorquiu “ah, sim, desculpe deixei na empresa Y, sim” pois de facto eu fiquei pronta a desmaiar ali mesmo! Cair-lhe aos pés de tanta emoção de ter o carro pronto! Qual quê, passou-se-me foi uma névoa cinzenta cheia de raios e trovões como se de uma macumba se tratasse, deu-me vontade de esganar alguém, aiiii c'a nervos! 

E assim lá voltei eu ao meu local de trabalho novamente a pé, sim, porque, estão sempre a passar colegas de trabalho mas naquele dia nem isso, ainda assim, decidi que não daria este episódio como de azar, triste e que tão pouco iria ficar irritada, mas que tinha era de o levar de ânimo leve e sentir-me feliz porque estas coisas acontecem para nos espevitar da rotina.

Sermos positivos a tudo o que nos acontece no dia a dia seja bom ou menos bom é a melhor forma de encararmos os percalços da nossa vida com alegria e energia para seguirmos, rirmo-nos de nós próprios, das figurinhas que fazemos perante nós mesmos, que máximo, adoro rir-me de mim mesma 

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