Quando observo os perus a passear pelo quintal faz-me sempre pensar na forma de se estar na vida. São animais dóceis, meigos, reservados, não se metem com ninguém, não incomodam, andam na vidinha deles e apenas observam, ah nisso eles são muito bons, têm os sentidos bem apurados, ótimos observadores e discretos. Contrastam com as galinhas, estas são umas atrevidas como não há igual, metem-se em todo o lado, bicam, arredam tudo para trás com as patas, até é curioso perceber (...)

Gosto pouco, muito pouco, de moscas. Há as mosquinhas mortas e as mosquinhas aceleradas. Quando nos queremos livrar duma mosca acelerada e espevitada é um caso complicado, voam muito rápido, deslocam-se com uma perspicácia que me tiram do sério, voam à minha volta, traçam uma linha reta rigorosa e tanto estão aqui como ali, por janelas que se abram ou que se ande de mata-moscas na mão este tipo de mosca é sempre difícil de apanhar e quando se apanham dá-se-lhes com tanta (...)

Nos meus primeiros dez anos de vida vivi na quinta dos meus avós. Distante da Aldeia, a uns 3 Kms onde estudava na escola primária, ia todos os dias a pé e levava comida para todo o dia, se bem que pelos intervalos derretia-me ir ao café da Ti Maria pedir pastilhas Gorila, dizia que a minha avó logo pagava, depois esquecia-me de lhe dizer e a Ti Maria quando a encontrava dizia-lhe “Ó Sra. Maria olhe que a sua neta tem lá uma dívida de pastilhas” que vergonha, e tantos (...)