O segundo dos quatro ovos
Há fases da minha vida que “não acho o cú com as calças”, expressão bem antiga que me ficou nos ouvidos desde pequena quando os adultos tinham muitas tarefas ao mesmo tempo, também eles na altura tinham as suas fases.
Nesta fase que atravesso, apesar de saber que logo passa, tenho feito uma ginástica tremenda para encaixar tudo o que preciso fazer no meu quotidiano, dormir, trabalhar, comer, planear, escrever, exercício físico, tocar bateria, receber e dar formação, uma olhadela pela Familia, uma nova terapia e dois dedos de conversa com amigos.
Com as refeições, há dias que dou uma ajuda ou uma ideia ou até um incentivo moral mas o pessoal cá de casa vai dando uma fantástica ajuda e num destes dias decidi dar-lhes uma folga das boas, sacrifiquei um pouco uma formação e alertei-os que esse dia era eu que tratava do jantar do principio ao fim.
Não lhes disse mas tinha visto uma receita interessante com frango e mais umas coisas que me deixou de água na boca. No final do dia de trabalho fiz um esforço mental para perceber se precisava de ir às compras, além de não me apetecer ia perder tempo mas rápido percebi que não era preciso porque me lembrei que tinha um frango congelado e o requeijão seria facilmente substituído por queijo ralado, fiquei encantada e segui para casa.
No cruzamento algo me traiu o meu conforto, lembrei-me que não tinha ovos e eram necessários para a receita que ia fazer, com o devido tempo cortei para o lado do hipermercado, aproveitei para comprar um frango fresco, o requeijão e mais umas coisas que nem tinha pensado, vou para casa aligeirada, ponho os ingredientes na bancada e inicio a preparação do jantar.
Na hora de lançar os ovos percebi que por causa deles fui ao hipermercado mas não os comprei!!!
Em vez de me irritar, ri-me e achei-me poderosa (ai, tão verde que fiquei, grunffff)
Pensei. Pensei. Voltei a pensar.
De frente da janela da cozinha olhei em linha reta para umas casas que estão próximas, achei por bem atrever-me perguntar às senhoras que lá vivem se por acaso teriam uns ovos das suas galinhas que me pudessem vender, sem ter a certeza se têm ou não galinhas, teria de arriscar.
Após atravessar o jardim percebo que a minha vizinha mesmo ao meu lado acabara de chegar, espero que saia do carro e pergunto-lhe se tem quatro ovos que me desenrasque, ela confirmou e, bolas, que rica vizinha, estava com o problema resolvido.
Regresso à cozinha, num frenesim começo a partir os ovos, o segundo ovo "esbarda-lha-se-me" no chão e ainda o pisei!
Não fiquei irritada, ri-me e achei-me uma miserável! (ai, tão amarela que fiquei, humpffff) talvez o reflexo da gema do ovo esborrachada no tapete.
O jantar tava bom, todos gostaram.
Ai de algum deles que dissesse o contrário que eu mudava de cor, talvez, para vermelho, não sei muito bem.
Nota: Imagem retirada duma rede social, não sou eu