Vem minha Primavera
Além de desejar muito que a pandemia desapareça e que vá de vez tenho desejado muito que chegue o tempo ameno, calor, os dias grandes e o sol, essa estrelinha faz-me muita falta com tudo o que está associado.
Chega de Inverno, admito que tenha o seu valor, mas o que é demais é perdido, bem me lembro dos Invernos de quando era mais pequenita, mais rigorosos, mais assustadores e as condições que hoje temos nada têm a ver com as que tínhamos antes ainda assim, atualmente parece-me um exagero de frio, talvez seja suspeita porque adoro o verão, meu organismo não foi feito para viver de permanência em clima frio, talvez por isto se explique porque toda a minha vida desde que me lembra ser gente de me sentir em baixo, tipo modo depressivo quando chegava o mês de Setembro, depois aquilo logo passava mas durante a mudança do verão para o Outono era mesmo deprimente, ainda hoje o é, mas hoje já compreendo porquê, quando era pequenita é que não entendia e achava que tinha a ver com o inicio da escola que começava no inicio de Outubro.
O dia como eu gosto, sol brilhante e quente, sem vento, encheu-me a alma e passei o dia na rua, fiz uma caminhada de 7 kms no meio do campo, senti cheiros bons, estiquei as pernas como quem estica um carro na estrada, fiz jardinagem, mudei o vaso partido pelo gelo a um cacto, removi ervas daninhas e revolteei a terra a outras plantas, apanhei os últimos espigos de nabo e ainda encontrei uns de couve dos quais fiz um arroz que me soube mesmo bem.
Ao longo da tarde e enquanto me entretinha na minha natureza andava focada nas atividades de tal forma que nem me apercebi de algo maravilhoso que senti no final da tarde, o chilrear da passarada. O canto frenético fez-me soar os sentidos, senti-os num momento em que me erguia do chão depois de apanhar os cacos do vaso partido e ao me levantar percebi que a Primavera começa a fazer as suas primeiras aparições ao mesmo tempo olhei em meu redor e vi as flores que algumas das árvores já têm nos ramos.
Quando olhei para as árvores deparei-me com uma grande variedade delas e repentinamente questionei-me quantas seriam, nunca tinha pensado nisto.
Algumas ainda totalmente despidas, outras semi nuas e outras tal e qual como o Inverno as deixou, com as suas ramificações cinzentas sem qualquer cor ou forma primaveril no entanto as que me seduziram foram, sem dúvida as que ostentam flores de cor branco e rosa, alguns botões e muitas abertas.
Entrei em casa, peguei num caderno e numa caneta, voltei para junto das árvores, fiz um levantamento apurado em que descobri:
3 Carvalhos, 1 Castanheiro, 8 Oliveiras, 2 Chorões, 1 Pereira, 2 Macieiras, 4 Cerejeiras, 5 Medronheiros, 1 Avelãzeira, 1 Diospireiro, 1 Romãzeira, 1 Gingeira, 2 Damasqueiros, 3 Abrunheiros, 5 Tuias, 1 Nespereira, 1 Figueira, 2 Tilias, 1 Azevinho, 6 Abrunheiros de jardim e ainda outras 3 que não consegui identificar.
Isto tudo junto faria uma bela floresta, se as pudesse deslocar como peças de lego gostaria de o fazer e metia-me lá dentro, brincava às escondidas, trepava as árvores maiores e enchia a pança de fruta como fazia quando era pequenita na quinta onde cresci.
Bem vinda Primavera que tanto gosto de ti, por várias razões mas uma delas é porque a seguir já é Verão como eu gosto tanto.